Sunday, September 30, 2007

"Lado a lado" , de frente para mim


O lugar era o Coliseu, e por si só já transmitia uma certa dose de imponência. Bonita aquela sala. E enchia-se, não sobravam cadeiras, nem os piores lugares estavam desabitados. Estava tudo a postos.
Eles entravam em uníssono, desde logo numa sintonia incrível, pé ante pé, um bem do lado do outro. Ele pequeno, ela pequena; ele com ar de criança espantada, ela com ar de mãe prestável e sempre pronta a eliminar a inexperiência. As vozes soltavam-se, e a magia ia acontecendo. A poesia, ora dele ora dela, encantava tudo e todos quanto os ouviam. A sintonia das vozes, sem querer cair em repetição, era mesmo brilhante, única e mesmo emocionante. As palmas sucediam-se, havia até momentos em que abafavam as belas vozes; calando a doçura dela e o ar roufenho dele.

A magia aconteceu mesmo.
O brilho nos olhos de quem lá estava seria a melhor maneira de mostrar o quão fantástico foi aquele momento.

Ele era o João Pedro Pais, ela a Mafalda Veiga, os dois estavam "Lado a lado" na sua mais recente digressão e eu estava bem de frente para eles, por sinal muito bem acompanhado - o romantismo ajuda sempre a apreciar um bom concerto, assim como umas boas amizades - talvez a minha sintonia com a companhia apenas se igualasse à sintonia dos cantores. E se eu amava enquanto ouvia, eles amavam o que cantavam, não o precisavam de dizer, simplesmente notava-se!

Foi lindo!

Thursday, September 27, 2007

YES Meeting 2007


E já está, foi hoje mesmo a minha primeira ida a um evento deste género, ou seja, um "congresso" de estudantes de saúde (mais propriamente medicina, na maioria, não o meu caso) que se juntaram para ouvir várias palestras.
Foi interessante, nem sempre ao meu nível de acompanhamento intelectual, já que muitos dos aspectos abordados me ultrapassavam largamente, assim como os anos de estudo de muitos dos presentes mas fica, acima de tudo, a palestra sobre MEDICINA NUCLEAR.
A ressalvar dessa palestra:
" The CT doesn't show anything... The MRI shows that the pacient could be a
middle age person and an healthy person...The PET and the Nuclear Medicine shows
that the patient was DEAD!!! Sometimes, the things aren't what they
appear."
E fica a ideia, fica o meu devaneio, fica a frase proferida por um especialista numa área que tanto me fascina...Fica o vicio cada vez mais crescente!

Thursday, September 20, 2007

Encarnação infantil

Sem nenhum assunto especial para dissertar decidi encarnar na vida de uma criança, talvez bebé, com idade de, aproximadamente, um ano, e relatar o mundo visto por esse "eu encarnado".
Aqui fica a escritura:

Cá vou eu, sentado no meu carrinho de bebé. As minhas pernas baloiçam-se no ar, bato palmas desenfreadamente. E guincho. Guincho bem alto já que ninguém me percebe, ninguém fala a mesma língua que eu. As pessoas têm a estranha mania de se agachar diante do meu carrinho quando os meus pais me empurram, interrompendo o meu sossegado passeio, e fazem cada carantonha, cada figura mais despropositada, emitindo sons agudos e esganiçados que nem eu percebo. E fico mesmo fulo quando isto acontece; ou seja, fico fulo a toda a hora. E então choro! Choro batendo com os pés e com as mãos a todo o vigor. E os meus pais dão-me comida, ou metem-me a chupeta na boca. Mas não é isso que quero! Quero apenas que não me chateiem, sou um simples bebé sentado no seu carrinho a desfrutar de um belo passeio. Já que não sei falar ainda, não me façam perguntas, não olhem para mim como para um brinquedo, nem me tirem as parecenças com os meus pais. Chega! Tratem-me como um bebé a sério, não um "nenuco" ou um outro brinquedo. Quero manter a minha paz...Não me chateiem!!

FIM!!
Por vezes sou mesmo estranho, não acham? Bem, fica aqui uma reclamação que todos os bebés gostariam de apresentar, talvez só não o façam por falta de meios.

Sunday, September 9, 2007

Há dias de sorte

Na sexta feira,decorria um belo dum dia de praia quando o azar apareceu. O azar ou mesmo o aflorar do meu completo despiste no que concerne ao cuidado com os meus bens pessoais; tinha perdido a minha carteira em pleno areal da Praia de Esposende. Voltas e voltas, pegadas e pegadas decalcadas na areia, e desistia da procura (eu e a namorada, sempre presente). Aparecia então um bom momento de comédia, a ida à GNR. Não posso sequer usar a velha máxima de que os militares passam a vida a "coçá-los" porque aqueles nem isso faziam...Estavam completamente estáticos e o primeiro que me apareceu quase me implorou para não requisitar o preenchimento do auto de extravio de documentos. Mas bem, militares à parte porque nem merecem os caracteres aqui gastos com o seu nome.

E passaram dois dias.

Hoje, domingo, por voltas das 8h40 da manha um dedo colara-se à minha campainha. À pergunta «Quem é?» a resposta «Polícia!».
Afinal há gente com sorte, um senhor que também é de Braga (boa gente portanto) tinha encontrado a minha carteira na sexta feira, ontem ainda tinha tentado vir cá a casa (através da morada da carta de condução) mas não estava cá ninguém. Mas a sua boa fé não se esgotara assim, sendo que fez questão de entregar a carteira na polícia pedindo a sua rápida devolução. E assim foi, o policia veio pessoalmente notificar-me a casa e assinados uns papeis na esquadra tinha tudo na minha mão (tudo mesmo, já que nada havia sido tirado da carteira). Após isso apenas um telefonema ao gentil senhor.

Resumindo, num mundo tão cinzento e com mentes tão horrorosas, a minha carteira fora parar às mãos de uma espécie em vias de extinção, aquela das boas pessoas. Eu que até sou tão descrente na existência de boas pessoas sofri hoje mesmo uma grande derrota, mas daquelas saborosas, afinal o mundo ainda tem gente boa. Afinal nem tudo está perdido!